TRIBUTO AO RAPPER SABOTAGE
Vinte e cinco de janeiro de dois mil e dezessete. Exatos quatorze anos e um dia sem o maestro do Canão, Sabotage. Ele pode ter partido, mas jamais deixará de existir.
Foi um dia de lembranças e homenagens calorosas daqueles que conheciam Mauro Mateus dos Santos desde muito antes da fama. "O cara mais inteligente que eu conheci até hoje", diz um amigo seu de longuíssima data, em tom emocionado. Sabotage estava ali a cada penteado que fazia referência ao seu, a cada rap cantado denunciando as mazelas das favelas e periferias, a cada abraço dado e brinde feito que simboliza a união da quebrada, a cada preto e preta que dançava, a cada irmão e irmã que sempre agilizam eventos culturais na quebrada e zelam pela mesma. Sabota estava ali!
Além de diversos grupos e vários monstros do rap marcando presença, houve algumas intervenções com pixo e lambe, feitas nas estruturas da eterna obra do monotrilho (Linha Ouro), que passa sobre a Avenida Jornalista Roberto Marinho, antiga Águas Espraiadas.
Em momentos de projetos como "Cidade Linda" [sic], proposto pelo então prefeito de São Paulo, João Dória, e de obras intermináveis do Governo do Estado (que se arrastam desde 2010, por sinal) um evento dessa qualidade na quebrada só reafirma que a periferia nunca dormiu e que está aí resistindo, contestando e se armando culturalmente.
Palco montado de costas pra avenida, barraquinhas de churrasco, seda e dichavador, frutas com cobertura de chocolate, acarajé, cerveja e outras biritas e um pula-pula pra criançada, faziam do evento um local pra todos se divertirem. A família da Sul estava toda ali presente. Das gerações mais antigas que tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com Sabota, até as mais novas que, muitas vezes, apesar de ainda não saber falar, já balançam a cabeça de forma ritmada ao som de um bom beat.
Apesar de não ter tido a oportunidade de conhecê-lo, sou grande admiradora do seu trabalho. Imagino que Sabotage ficaria emocionado em ver a quebrada unida e curtindo em paz esse evento em homenagem a ele.
Um brinde ao maestro!